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Brasília, DF, Brazil
Nascida, crescida e formada nesta cidade sem avenidas, sem esquinas, sem bairros. Uma típica brasiliense.

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domingo, 6 de setembro de 2009

Guarda-roupas

Você já reparou como a vida é parecida com nosso guarda-roupa?

Quando somos bebês, nossas roupas são pequenininhas, delicadas, macias. São escolhidas justamente pra não nos machucar. Mais tarde um pouco, os macacõezinhos são substituídos por bermudas, vestidos, sapatilhas. A fralda dá lugar à calcinha, à cueca. Ora, já é hora de começar aprender que algumas coisas tem regras. Depois, viramos mocinhos, nos preocupamos mais com a aparência da roupa que vestimos, se está na moda ou não, do que com seu conforto. E cada vez mais aprendemos que existe uma roupa certa pra cada ocasião.

Eu lembro de um conjuntinho roxo e de um casaco de lã verde-água que eu tinha quando criança. Lindos. Também lembro da minha primeira calça jeans de mocinha, de um vestido vermelho que herdei das minhas primas... Às vezes vejo as fotos e lembro de como eu gostava daquelas roupinhas. Às vezes até penso em procurar alguma parecida... Mas hoje ele já seria fora de moda, talvez nem me caísse tão bem.

A vida também é assim. Quando pequenos, tudo nos parece mais confortável e as pessoas se preocupam em nos proteger. Vamos crescendo e dia-a-dia deixamos toda essa comodidade de lado. Nos acostumamos a ter um ou outro problema e a aprender que existe maneira certa pra se fazer as coisas. Com o tempo, aprendemos a dar valor ao sentimento, ao respeito, a amizade, ao amor.

As roupas outrora leves e coloridas, vão cedendo espaço ao terno. Os tênis, ao scarpin. As brincadeiras, ao trabalho. Neste caminho, crescemos, mudamos de corpo, de gosto, de tamanho. Da mesma maneira que mesmo aquela blusa que você amava ficou pra trás, alguns hábitos, algumas manias, algumas pessoas também ficam. E deixam saudade. É como olhar aquela foto e ver como você estava bonito com aquela roupa. Às vezes as coisas se perdem porque não nos servem mais, outras, porque já estava na hora. A gente aprende que nada é pra sempre.

A única coisa que continua é você. A mesma criança que usava aquele macacãozinho todo colorido naquela foto lá do fundo do baú. Seu cabelo mudou, suas roupas, suas preocupações, seus brinquedos e até seus amigos. Ainda assim, é você que se vê no espelho. Nas fotos, folha-a-folha do álbum de fotografias, é como se pudesse rever um filme, lembrar de cada época, de cada detalhe...

A gente lembra da bronca que levou quando desobedeceu a mãe e rasgou aquele bermuda caríssima. E nem precisava ser tão cara assim, porque se você gostava dela, ficou mais triste porque têla rasgado do que com a bronca. Aprendemos que quando gostamos e nos importamos com algo, temos que saber cuidar, não importa se vão ou não nos cobrar por isso. A maioria dos tesouros que ganhamos na vida só dependem da nossa atenção.

O tempo passa e percebemos que é preciso mudar de roupa, renovar o guarda roupa. Ninguém consegue passar a vida inteira vestindo trapos. O que faz a beleza da vida é a novidade. O que é importante na vida é ter estilo e saber o que nos cai bem vestir. As lembranças? As lembranças ficam guardadas nas folhas do álbum de fotografias, protegidas por folhas de papel de seda pra nunca nos deixar esquecer que somos sempre aquela mesma criança, independentemente da embalagem.

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