Tem gente que fala demais. Eu não costumo ouvir essa reclamação.
Eu escrevo demais, isso é que me dizem. Felizmente, ou infelizmente, é assim que sou, e sempre fui.
Não sou muito boa com palavras faladas, prefiro as escritas.
Lembro de um namorado que morava em outra cidade. Época em que e-mail não era tão comum, orkut e Facebook, então, nem se cogitava a existência. Era uma amor por escrito. Duas ou três cartas por semana. Durante mais de dois anos. Eu até achava o Correio rápido.
Aliás, desde meu primeiro namorado criei o costume de escrever. Esse, namoro de adolescente, assim, meio escondido. Aprendi a dizer o que sinto por carta.
É tão mais simples e é tão bonito. As palavras escritas são mais suaves que as ditas, mesmos as de rancor, as de mágoas. Pra mim, elas têm um quê de romantismo incomparável.
As palavras me fascinam. Tudo que é importante na vida devia ter uma versão por escrito, como aquelas cartas antigas que a gente às vezes se pega lendo e relendo... É uma prova do que foi vivido.
As palavras ditas... Ah! Essas se perdem ao vento, perdem o sentido, perdem a verdade com o tempo.
O que aprendemos com o lemos fica. Até podemos não entender agora, muitas vezes o que é escrito ganha valor e compreensão somente com o tempo.
Assim como a boa literatura, antiga, que séculos e séculos depois de escrita permanece atual.
Bem ou mal, é assim que pretendo continuar. Tudo o que sou e sinto, sou por escrito, seja neste blog, em e-mail, cartas, até guardanapos de papel.
Por escrito, consigo falar o que me engasga e o que me faz mal. Os sentimentos, não as verdades, existem pra serem mostrados. Compreendê-los cabe a quem tiver interesse. Não sou tão prolixa assim, minha alma e minhas palavras vão sempre na mesma direção.
Basta saber ler as entrelinhas.